Obrigada por existir, Suplicy
Quando a caminhada fica dura, só os duros continuam caminhando. MANO BROWN
Quando eu ouvi pela primeira vez Negro drama, Eterno e nobre Senador Eduardo Suplicy, eu entendi cada palavra. Não porque sou negra, mas porque, como pessoa com deficiência e com doença rara, eu vivo no mesmo contexto, desde que nasci.
Nasci num lar pobre, no Pari, e embora meus pais tenham trabalhado muito, nada do que produziam podia ser transformado em valor, tudo virava cirurgia, remédio, médico. Depois, com o tempo, estudo, faculdade (UNICAMP), mestrado, agora, concluindo doutorado, três concursos públicos, a vida continua a mesma. Doença rara é um ralo que escoa toda a vida financeira da família. É assim comigo e com os 15 milhões de brasileiros que vivem na mesma situação.
Mas, eu nunca deixei de acreditar na luta, então, fiz da doença a minha luta, e da doença dos outros a minha causa. E a causa das raras é hoje a minha vida. Não me importa se o Diretor das Clínicas ou o do Instituto de Traumatologia da USP me chama, faltando com a verdade, do que quiser, tenho provas, o que Eliana Zagui falou, falou numa audiência pública, temos vídeo, e notas da mesma. Ela teme, assim como Paulo, falar em seu Face, por terem sido ameaçados de serem expulsos de lá. A defensoria Pública sabe disso, por parte da Dra. Renata Flores Tibiriçá. Não será a primeira nem a última vez que uma instituição se protege, chamando os que defendem os mais fracos de mentirosos.
Mas, não é por isso que escrevo, escrevo, na verdade pra lhe agradecer por existir. No mês de outubro, quando a força olavista (de Olavo de Carvalho), apoiada por governos que compram seus livros para bibliotecas públicas venceram em nosso estado com seu projeto de varrer a brisa democrática petista, sua voz, Suplicy, a voz mais petista, a mais pura e verdadeira voz petista foi calada no Senado. Eu tomei um choque imenso. Chorei. Marcelo chorou.
Então, agradeço, por você existir. Não apenas por ter lutado por nós. Mas, por existir. Por ser correto, honesto, íntegro, coerente, justo, sábio, preocupado, amoroso, parceiro, alegre, simples.
Por não ser Senador, ter estado Senador, sem que isso lhe pesasse, mas que isso lhe fosse missão. Obrigado por se importar com nossas doenças de nomes difíceis, desconhecidas, complicadas, com quadros sempre à beira da morte. Obrigado por se comover com nossas crianças, por se esforçar por lembrar de nomes de doenças que parecem ser retiradas de retiradas de um dicionário russo-croata, obrigada por tudo. Mas, principalmente, obrigada por existir. Obrigada por nos fazer acreditar que é possível.
Hoje temos uma lei federal e uma lei estadual, em SP de doenças raras.
TUDO COMEÇOU COM EDUARDO SUPLICY,
Nós NUNCA esqueceremos disso.
Com todo nosso amor, Adriana e Marcelo